Na manhã de
24 de outubro, o bom-dia de Alexandre para a enfermeira Suellem foi diferente.
A noiva, Denise, e os amigos também se acostumaram a ouvir os relatos do
ex-jogador do Santa Cruz sobre o momento mais importante da carreira. O golaço
de falta no clássico contra o Sport, na Ilha do Retiro, em 1996, deu a vitória
ao Tricolor por 1 a 0, em jogo válido pela primeira fase do Campeonato
Pernambucano. Na última quinta-feira, dia do seu aniversário de 39 anos, nem a
luta contra o câncer - em estado avançado - foi capaz de conter a euforia.
- Foi a
primeira vez que ele não me deu nem "bom dia". Assim que me viu, foi
logo contando que o pessoal da televisão tinha achado o seu gol. Estava
radiante - conta Suellem.
É a
enfermeira quem tem estado mais perto de Alexandre nos últimos e difíceis 20
dias. Desde 7 de outubro, o ex-jogador repousa sobre um leito no Instituto de
Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) do Recife. A batalha pela
vida se arrasta há dois anos, mas só há três semanas o hospital virou lar.
Antes, Alexandre era submetido a sessões de quimioterapia em
dias alternados. Foi assim nos últimos seis meses, desde que tomou conhecimento
de que o câncer, diagnosticado em 2011, havia voltado. Hoje, o ex-jogador
carrega um tumor na perna esquerda, a mesma que lhe proporcionou o maior
momento da carreira. Um chute indefensável para o goleiro Albérico.
Inesquecível, até para quem nunca tinha visto lance. Suellen, que já era íntima
do gol, desfrutou da mesma felicidade.
O presente foi obra da noiva. Denise se encarregou de correr
atrás das imagens. O contato com uma repórter, sua amiga, abriu as portas dos
arquivos da TV Globo. Alexandre jamais havia revisto o lance, tantas e tantas
vezes reconstruído em palavras. A ideia de Denise: exibir o vídeo durante a
festa de aniversário surpresa preparada numa área - devidamente decorada - do
hospital. Suellem também quis retribuir.
- Ele me ensina a todo instante. É um anjo que apareceu na
minha vida. Sem nunca tê-lo visto, todos na minha família já o conhecem de
tanto que eu falo dele - diz a enfermeira.
Denise tem tanto carinho por Suellem quanto o próprio
Alexandre. As duas se empenharam, com mais alguns amigos, para organizar a
festa. Trajado com uma camisa do Santa Cruz, Alexandre deixou o setor de
internação. À sua espera, estavam todos: filha, noiva, amigos, o pessoal da
igreja e, claro, Suellen.
O ex-lateral emocionou-se. Sorriu, chorou. Cantou parabéns, cantou músicas da igreja, acompanhou as palmas, falou pouco e ouviu muito. Na maior parte da festa, teve o auxílio do balão de oxigênio. Um enfermeiro perguntou se estava tudo bem. Obteve como resposta um polegar pra cima e um sorriso sincero. Contudo, ainda faltava o grande momento da noite.
Na tela de um notebook, Alexandre experimentou outra vez a emoção do gol marcado 17 anos antes. Cercado por gente querida de todos os lados, viu e reviu várias vezes. Parecia querer matar a saudade de um tempo que não
O ex-lateral emocionou-se. Sorriu, chorou. Cantou parabéns, cantou músicas da igreja, acompanhou as palmas, falou pouco e ouviu muito. Na maior parte da festa, teve o auxílio do balão de oxigênio. Um enfermeiro perguntou se estava tudo bem. Obteve como resposta um polegar pra cima e um sorriso sincero. Contudo, ainda faltava o grande momento da noite.
Na tela de um notebook, Alexandre experimentou outra vez a emoção do gol marcado 17 anos antes. Cercado por gente querida de todos os lados, viu e reviu várias vezes. Parecia querer matar a saudade de um tempo que não
- Poucos momentos na vida nos causam um impacto de emoção
extrema. E a sensação de um gol é inexplicável. Espero guardá-la pelo resto do
tempo de vida que eu tiver, e espero que seja muito tempo ainda. É incrível
poder fazer parte de um clássico e ajudar a construir a vitória de sua equipe.
Há ainda outro lado marcante daquele gol. Após o jogo, o
hoje já falecido pai do ex-zagueiro se dirigiu ao vestiário.
- Além de tudo, esse gol me traz a memoria do meu pai, que naquele dia me deu o prazer de ir no vestiário e, tricolor que era, dividir comigo tamanha alegria. Lembro bem do abraço forte e de suas palavras: valeu filho, o que você fez foi bom.
A modesta carreira de jogador profissional terminou em 2009, no Espírito Santo. Dois anos depois, Alexandre começou a sentir as primeiras dores na perna. Em 2011, tomou conhecimento do câncer. Acreditava estar curado quando conheceu Denise. A recaída veio há cerca oito meses.
- Além de tudo, esse gol me traz a memoria do meu pai, que naquele dia me deu o prazer de ir no vestiário e, tricolor que era, dividir comigo tamanha alegria. Lembro bem do abraço forte e de suas palavras: valeu filho, o que você fez foi bom.
A modesta carreira de jogador profissional terminou em 2009, no Espírito Santo. Dois anos depois, Alexandre começou a sentir as primeiras dores na perna. Em 2011, tomou conhecimento do câncer. Acreditava estar curado quando conheceu Denise. A recaída veio há cerca oito meses.
- Enquanto há vida, há esperança. Tenho bastante vontade de
viver, de lutar pela vida. Meu desafio agora é lutar contra o câncer. Peço a
todos que levem isso muito a sério. Que lutem, que briguem, porque o câncer é
uma doença agressiva. É preciso lutar para vencê-la. E eu quero ajudar a
contribuir com isso.
Fonte: Globo Esporte Pernambuco
http://globoesporte.globo.com/pe/noticia/2013/10/lembra-dele-no-hospital-alexandre-reve-o-gol-de-sua-vida-17-anos-depois.html
http://globoesporte.globo.com/pe/noticia/2013/10/lembra-dele-no-hospital-alexandre-reve-o-gol-de-sua-vida-17-anos-depois.html
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